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Efeito Dopamina: como as redes sociais sequestram nosso cérebro
Dopamina e produtividade

O despertador do celular toca. Assim como Eduardo, você abriu os olhos mas não quis se levantar, ficou deitado e viu que horas eram. Antes mesmo de se espreguiçar, sua mão desliza pela cama até encontrar o aparelho. Meio atordoado pelo sono renitente, você aperta o botão de soneca e se entrega aos braços de Morfeu por mais alguns minutos. Quando a repetição do toque tira sua paciência e seu relaxamento, você desbloqueia a tela do celular ainda na cama e começa a deslizar a tela da sua rede social preferida. E então o vórtice já te engoliu. Notificações. Mensagens. Likes. Postagens. Seu cérebro recebe um choque instantâneo de informações e, sem perceber, você já está imerso no mundo digital antes mesmo de pisar no chão.

Essa é a descrição de um início de dia totalmente hipotético. Poderia muito bem ser a minha rotina matinal, a sua ou a de inúmeras pessoas. E o fato de se encaixar como um padrão com maior ou menor fidelidade para a maioria de nós é algo preocupante. Pode significar que nosso cérebro foi sequestrado. Nesse caso, o resgate exige muito mais do que apenas força de vontade.

Redes sociais: um cassino de notificações

Eu nunca fui a Las Vegas. Pelo menos não pessoalmente. Mas minha imaginação já passeou por diversas daquelas amplas salas ricamente atapetadas, repletas de mesas de pôquer e jogadores que parecem recém-saídos de um filme do Tarantino, com aspecto de cafetão vintage misturado com gângster. Desculpe o desfile de estereótipos, é resultado do longo histórico de filmes e séries que a indústria do entretenimento faz circular nas nossas vidas por meio do cinema e dos canais de streaming. 

Agora, embarque comigo em uma rápida expedição imaginária pelo coração de Nevada, estado norte-americano que abriga a Meca dos cassinos: Las Vegas. Em um prédio faraônico, com iluminação dourada e fontes iridescentes, somos metralhados por estímulos sensoriais inebriantes: o som das moedas caindo, o brilho das luminárias e das joias, a emoção vibrante dos que ganham e dos que perdem dinheiro, o suspense das fichas e das cartas decidindo o êxtase ou a angústia dos apostadores. Você se aproxima de uma das máquinas disponíveis, liberada após as tentativas frustradas de uma idosa luxuosamente paramentada, com cabelo loiro esculpido com laquê. Você aperta a alavanca da máquina caça-níquel e espera ansioso pelos 3 números que aparecem na tela. Ganhou? Perdeu? Não faz tanta diferença. Qualquer que seja o resultado, tente de novo.

Agora, substitua o frenesi das máquinas de dinheiro pela efervescência das redes sociais. Instagram, TikTok, Twitter, Facebook, você escolhe. A lógica é a mesma. Cada vez que a gente desliza o feed, recebe uma curtida ou abre uma notificação, nosso cérebro é inundado por neurotransmissores que promovem uma intensa e rápida descarga de prazer e sensação de recompensa. 

E nesse processo altamente estimulante é que consiste o problema: as redes sociais foram projetadas para nos manter presos nesse estado mental de satisfação superficial e passageira, em um círculo vicioso que exige cada vez mais rolagem de tela para produzir os mesmos efeitos, nos prendendo em um looping de anestesia ad infinitum.

Dopamina: o combustível do vício

A dopamina, de maneira simplificadora (por bem da didática) e alegórica, atua como aquela cenoura nos desenhos animados suspensa na frente do burrinho, para motivá-lo a persegui-la indefinidamente. Assim, o estímulo que esse neurotransmissor produz incentiva nosso cérebro a repetir comportamentos que perseguem a sensação de prazer.

O problema é que nem todas as fontes geradoras de dopamina e de prazer são iguais. Enquanto algumas estão associadas a atividades que produzem desconforto inicial e bem-estar posterior, como treino de pernas na academia, outras consistem apenas no bem-estar imediato sem trabalho, como comer uma barra de chocolate ou receber uma chuva de likes. No primeiro caso, do prazer que sucede o desconforto, a sensação de bem-estar é mais duradoura e consistente, e fortalece hábitos saudáveis. No segundo, do prazer barato e sem esforço, o bem-estar atinge um pico e despenca logo em seguida, e estimula comportamentos prejudiciais.

Um dos princípios que rege nossa sobrevivência instintiva é a famigerada “lei do menor esforço”. Nosso cérebro tende naturalmente a sempre preferir atalhos. E, quando a dopamina vem fácil e rápida (como nas redes sociais), atividades mais significativas (como sair com amigos ou se exercitar ao ar livre) parecem menos compensadoras. 

O paradoxo do prazer: por que não conseguimos parar?

Você já se pegou rolando o feed sem nem perceber? Ou, mesmo quando percebe, se convenceu a continuar mais um pouquinho só até ver o próximo conteúdo… e o próximo… e o próximo… 

Isso acontece porque o sistema de recompensa do cérebro não se importa com o que é bom para a gente. Ele só quer mais dopamina. E o mecanismo das redes sociais explora isso melhor do que qualquer outra ferramenta tecnológica, por meio de estratégias maquiavélicas:

– O infinito scroll foi criado para que a gente nunca encontre um fim;

– O “puxe para atualizar” funciona como uma alavanca de caça-níquel digital;

– As notificações em vermelho ativam o medo de estar perdendo algo, o famoso FOMO (Fear Of Missing Out, “medo de ficar de fora”).

Isso significa que estamos condenados a rolar a tela infinitamente, como os ratinhos correndo no seu círculo de acrílico dentro de uma gaiola? Claro que não. Mas significa que precisamos aprender a jogar utilizando as próprias regras que são manipuladas para induzir nosso cérebro.

Como controlar o vício digital sem ter que abandonar tudo para ir morar em uma caverna?

A vida analógica tem diversas vantagens, mas a digital também tem. Como preconizam os taoistas, o mais sábio é seguir o caminho do meio. Nem tanto mar, nem tanta terra. Nem só on-line, nem só off-line. 

A resposta não está em proibir o uso dos celulares ou das redes sociais, mas em reprogramar nosso cérebro para buscar dopamina a partir de outras fontes, que sejam mais saudáveis e consistentes. Existem diferentes estratégias para buscar esse balanço, de acordo com as condições da rotina e as características de cada pessoa. No entanto, para não te deixar órfão de referências nesse quesito, indicamos 3 dicas simples que podem te ajudar a dar os primeiros passos.

1. Dopamina cara

Atividades que exigem esforço liberam dopamina de forma mais equilibrada e sustentável. Uma maneira de explorar essa reeducação de hábitos pode incluir, por exemplo: a prática de esportes, o aprendizado de um novo hobby, atividades manuais artísticas ou não, o estudo de uma nova língua ou instrumento musical, enfim, atividades que desafiem sua inteligência e coordenação motora.

2. Jejum de dopamina

Ok, tecnicamente, não existe “jejum de dopamina”, afinal ela é produzida naturalmente pelo nosso cérebro. Mas essa expressão “marketeira” (jejum de dopamina) ajuda a entender a “dieta” que devemos adotar em nosso comportamento virtual, equilibrando ou restringindo o consumo de redes sociais e conteúdos virtuais (como os de youtube ou 18+) em caráter indiscriminado, sem controle de tempo ou finalidade, apenas pulando de uma coisa para outra de forma automática. 

Mas calma, não precisa ser uma restrição radical. Estudos mostram que pequenas pausas digitais podem restaurar a capacidade de foco e reduzir a ansiedade. Como diríamos se ainda estivéssemos no Cassino: “baby steps”. Comece aos poucos. Tente 1 hora por dia sem celular e vá aumentando gradualmente. Depois, experimente, por exemplo, passar 24 horas sem redes sociais e observe como seu cérebro reage.

3. Transforme a tela em aliada

Em vez de abolir o celular da sua vida, melhor é usar a tecnologia a seu favor. Uma descoberta surpreendente da Universidade de Hanyang mostrou que adolescentes que usam o celular por no máximo 2 horas diárias são mais saudáveis, com mais equilíbrio mental e menos estresse inclusive quando comparados a pessoas que não usam o aparelho (sim, elas ainda existem).

Além do uso equilibrado, utilizar aplicativos de leitura, aprendizado e meditação podem estimular a produção dopamina de maneira positiva, sem os efeitos nocivos típicos do abuso das redes sociais.

Ferramenta gratuita para você 😉

Se você chegou até aqui, já sabe como a dopamina das redes sociais pode afetar negativamente nosso cérebro. Agora, que tal descobrir se o seu nível de uso está saudável ou se você está dançando na beira do abismo?

Para isso, nós preparamos para você uma FERRAMENTA GRATUITA, o Teste de Dependência da Internet (TDI), que revela o padrão do seu comportamento digital. 

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Resumindo:

– As redes sociais foram projetadas para nos viciar, explorando o sistema de recompensa do cérebro;

– Os estímulos digitais podem desregular o neurotransmissor e prejudicar a concentração, aumentar a ansiedade, diminuir o prazer em atividades reais e comprometer nossa produtividade e sociabilidade;

– Com mudanças pequenas e sistemáticas, é possível reequilibrar o uso da tecnologia e transformá-la em uma aliada para o nosso desenvolvimento e bem-estar.

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A rede social mais importante e benéfica que existe é a que criamos com nossos amigos e companheiros.

Por melhor que seja a conectividade virtual, nada substitui estar ao lado (presencialmente!) de pessoas queridas. Mesmo que seja em um cassino recheado de ostentação e personagens tarantinianos.

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